quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

[Contos e Histórias] Odes e Lamentos.

Memorial de Natanael Portis Negrão.
Recuperado por IHVOC.

Odes e Lamentos.


Tragedia em minha existência. Me vi coberto de sangue novamente, tamanho horror cobriu meus sentimentos, o sangue secava depois de um tempo e sangue novo fluía sobre mim, em minhas mãos, em meu rosto em minhas calças e camisa. Estava coberto de sangue, a fúria me levava de tempos em tempos a aquela noite a proceder, estava exausto, nada mais me importava, não corri aos abrigos, simplesmente me arrastei e me coloquei em posição confortável. Tamanha fúria e remorso me acompanhou àquela semana.
Eu não me bastava mais, senti-me só e abandonado, a quem eu clamaria ajuda e reconforto. Um assassino como eu teria algum conforto? Esperei até que a justiça aparecêce a galope, nada a não ser os claros esporádicos da tempestade em algum outro ponto de Ciriji. A fogueira alaranjada e seu vórtice insano subia aos céus.
Nada bastava a mim, dormi o desconfortável sono daqueles amaldiçoados pela sua própria razão, despertares repentinos e incômodos, dores suspeitas em partes diversas do corpo, olhei a minha mão retalhada em ferimentos, como os tinha feito. Tinha sagrado aquele padre, arranquei-lhe a face as mãos nuas, quebrei-lhe as mãos , perfurei-lhes as pernas com algo pontiagudo que se esfacelou em minhas mãos e a retalhou-a, as cadeiras usei-as como porretes, até ter um simplório porrete ensangue em minhas mãos.
Dor e ódio me corrompia as lembranças, a fúria que seguiu-se e meus atos de ódio. O fender as cabeças do casal que gritava, com golpes rápidos...
Só as lagrimas dos inocentes que por lá estavam, choravam, enquanto sentir-me recobrar-me o controle, minhas mãos doíam, pois que? Por que doíam?
Queria fazer algo, queria não ser eu, não ser a maquina irascível de destruição, mas não tinha-se essa consideração. Farpas imaginarias tirava de minhas mãos. Lavei-as varias vezes naquela noite e nas seguintes, o pobre cão era a única coisa que me amava incondicionalmente, como queria que houvesse alguem naquele momento para com que eu pudesse lidar.
Tinha vontade como ondas sucessivas da mare a praticar o mal a acabar com tudo, que viesse as autoridades e me levasse ao meu destino, resignava-me eu a ida aos infernos, onde mais encontraria calor que acalenta-se a minha'lma.
Reconstruir-me depois daquele episodio me parecia proeza, recolhia os fragmentos de minha alma e empilhava-os no novo castelo de areia. Temia a nova onda que o pusesse a baixo, não queria que voltasse a acontecer, faria de tudo, tristemente como sabia que seria com o castelo, cedo ou tarde a onda me pegaria. Por que? Por que? Gritei a mim em silencio dos catatônicos.
Tinha um projeto a cumprir o prazo era exíguo, tinha que me ater em algo. Cogitei durante a dor me livrar daquela existência patética. Nada mais me restaria, a não ser escravo da fúria, a privação de minha mente logica, cultivada com dedicação e sacrifícios. Fiquei me questionando. Quando haveria de me civilizar e vencer a natureza implacável e imprevisível exceto na certeza de que voltaria.
Esperei a proximal noite pela resposta, e a próxima, e assim. Esperava encontrar a solução, não podia-me aceitar assim. Me tornei seco e amargo assim, sorria "amareladamente" como de práxis. Não me agradava as coisas comuns, elas não me surpreendia e não dava os prazeres cotidianos. Pois via as coisas sem mais ilusões e conforto que as pessoas comuns as tem.

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