quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

[Contos e Histórias] Mémoires de la Convulsion. Memorias dos dias da Guerra de Holanda.

Mémoires de la Convulsion. Memorias dos dias da Guerra de Holanda.
1638-1648ad.

O sino badalava, calma e sinistramente acompanhando as ondas, enquanto o leve bater constante no pequeno e sujo porto, bem da verdade mal camuflado rampão, sacolejavam as tábuas que rangiam ordenadamente em estrito dever marcial.
Olhei e esperei a pequena embarcação chegar, sorri enquanto a nova "dame du lac" que por ali vagava se postava em uma amurada, logo ela perdeu as esperanças de ganhar alguns trocados, naquela noite eu não lhe tinha deveras serventia, contudo um leve aceno me renderia acesso fácil em outra noite. Pequenos hábitos de educação tinham impressionante efeitos no decorrer das cousas. Meditei a fria noite, a lua fitava-me sorrateiramente pelas nuvens. Os vapores de quaisquer que sejam suas origens borbulhavam em alguma poça fétida.
Logo chegará o benedito e sua santíssima aliança, com um leve solavanco contra as tábuas da rampa de madeira. Disporam os remos ristes dentro do bote enquanto tiravam a palha de cima das caixas, os "grandes tours" tudo observavam tínhamos que ter cuidado, indiferente a guerra empreendidas pelos holandeses respondia eu o questionamento: "Claro que tenho compradores! Quanto mais em tempos como estes! Mais lucrativa nossa botija!". Logo animaram-se, via-se que a guerra lhe cobravam cousas além de seus esforços, teria naquele instante um desejo maléfico de tudo sobrepujar e barbaramente ficar com o butim, dissipei contudo a idéia tenebrosa. Num pequeno gesto avisei-lhes das patrulhas e fiz um largo gesto de saudação, ao qual me pareceram bastantes satisfeitos com tais afetações.
Noticias de um suposto motivacionalismo regional me chegaram. Montavam exércitos numa idéia fantástica de unidade que nunca se vira na realidade, ao que parecia estava dando certo, economizaram em muitas cousas, necessárias em tais cousas e caso de guerra. Deveras, deveras mesmo, aquilo me intrigou. Algo mais que religião regia o mundo, claro, algo mais que a velha força da ganancia das armas também. Meditei, meditei muito tempo sobre o assunto. Até mesmo chegou-me a mão uma transcrição em latim, "Quo sint genera principatuum et quibus modis acquirantur", se não me recordo mal era seu primeiro capitulo, após a tradicional, como explanar? puxar a sardinha para seu angu.
Informes dos terríveis atos e embates preenchiam minha mente e ossos dos mais variados medos. Desordeiros mil vagavam agora por essas terras sem lei ou honra, alguns oportunistas tão bons quanto a mim. Perderá, como é como por esses tempos dificieis contato, e o que me é mais caro, informações dos atos e passos de outros criaturas dessas noites eternas.
Eis que devo fazer de tudo para garantir o butim, mostra-se esses tempos doravante transitórios. Cabe-nos sobrevive-los apenas, mas sei que isso seria imperdoável de minha parte. Perturbei-me quando cogitei onde guardaria tais cousas agora, aqueles torrões requeriam quem eu os troca-se por ouro o tão quanto antes. Tinha que reconstruir um domínio ou mais após essa guerra.
Sei que bestas destas terras estão a se proliferar, coisa medonha se me tomarem por presa, sem duvida isso me traria desgostos horrendos.
O que aconteceu com o Pau-Piau?
Considerei deveras a necessidade de construir minha própria população por assim dizer, quem sabe que tormentos isso pode trazer? Ou benefícios?
Noites se passam, lugrubes e terríveis. É difícil se aventurar e obter sustento com todos eivados em medo e terror. Evito de falar em modos de outras terras.
Ressoam sinos e estopins, nunca estamos seguros. Incêndios tenebrosos por toda a parte, ainda posso me valer de habilidades que vim a anos negligenciando.
Clamei novamente meu macabro quinhão assim que me pareceu seguro, avançavam os Lusos a Pau-Piau. Seria enfim o fim da época de privações e terror. A porta range novamente, ventos fortes se abatem na noite, os grandes fumos ainda se elevam, a chuva cai imperiosamente com seu amargor desses tempos.
Olho por dentre as arvores. Acho que estou sendo observado, para dizer o minimo. Na chuva me encharco antes de escolher meu caminho.

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